Lei de Direitos Autorais (Direitos de Autor e Direitos Conexos)

Essas obras literárias são protegidas pela lei número 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Lapso


Lapso
Heleno de Paula



Distraí-me no silêncio do vazio que deixastes.
Apeteço tua voz em minha vida.
Vago em meio tempo, num curto espaço...
No vão que arquitetastes.
Lacunoso por tua ausência, meu pensamento quase falha sem a razão que lhe aprazia.
Mas não se preocupe, é intrínseca essa carência, irrefutável.
Pois como todo poeta de emoção tão variável,
Até um lapso de loucura me incita a poesia.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Onde anda você?


Onde anda você?
Heleno de Paula



Onde anda você?
Minha vida esvaiu sem você.
Penso num sorriso e vem você,
Penso num desejo e vem você,
Num prazer, e vem você.
Ainda penso...
Sou mais você.
E ainda a sinto, sem ter você,
Sem sequer a ver.
E tanto minto pra esquecer,
Que só consigo me perder.
Onde era lindo, só fiz chover.
Voei entre lágrimas,
Asas pesadas pelo findo querer.
E suspiro pouco a pouco a perecer,
Tempo que me maltrata,
Dilacera o peito ou o que ainda resta,
Arranca-me a alma, punge o destino,
Fere sonhos, fez-se a saudade. Essa sim fez doer!
E ainda dói.
Dói não te encontrar,
Dói não mais sonhar,
Dói não mais amar,
E como dói não me conhecer.
Jaz o meu saber,
Sem contento por não conseguir entender como deixei nosso amor fenecer.
Onde anda você?




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lá da Portela


Lá da Portela
Heleno de Paula


Amor desses de uma noite é bom só no carnaval,
Depois já não faz tão bem, machuca feito açoite,
Daí já não é tão mal ter um amor convencional.
Meu peito quando clama alguém, é sinal que ele quer sossegar,
É o motivo da razão que lhe convém, de durante o ano não querer se maltratar.
Num romance eu me mostro maduro e verdadeiro,
Faço de tudo o tempo todo, só pra agradar.
Mas tudo corre apuro, pois é chegado Fevereiro,
Apodreço, faço das ruas o meu novo lar.
Só volto Quarta-Feira, sujo em cinzas, venho cantando... Lá, laiá, laiá...
Finjo e digo que nada aconteceu, pra quem sempre me pergunta: - Que mulata era aquela?
Falo que desconheço esse assunto, e para os insistentes, eu me exalto e grito: - Nunca vi, deve ser lá da Portela!
Dou mais um gole na saideira e despisto o povo com uma velha brincadeira, descontraindo o que se sucedeu.
Dou uma boa gargalhada, e encerro toda a conversa fiada perguntando: - Tem culpa eu?
Saio de fininho, viro à direita rapidinho, e ao longe eu vejo uma doce criatura, que no portão de casa sempre fica a me esperar.
Então pensei... Chegou ao fim mais uma intrépida aventura! Enquanto a vizinhança ria e fofocava, minha mãe gritava:
- O moleque safado, vem logo deitar!





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pó de tristeza


Pó de tristeza
Heleno de Paula



Sinto e às vezes choro
Sinto e às vezes mudo
Sinto e às vezes calo
Sinto que me iludo.

Sinto. Não me consolo
Sinto por às vezes amar
Sinto às vezes o imploro
Sinto-me o solo escapar.

Sinto, eu me inspiro.
Sinto o tempo passar
Sinto-me num labirinto
Sinto não poder voar.

Sinto e às vezes há lágrima
Sinto às vezes um dó
Sinto e escrevo essa lástima
Sinto na garganta um nó.

Sinto que pode ser tarde
Sinto-me às vezes vão
Sinto-me apenas carne
Sinto-me, às vezes não.

Sem o teu olhar
Sem a tua voz
Sem o teu sorriso
Sem a tua grandeza
Sem ter com quem sonhar
Sem o teu sentimento
Sem a tua melodia
Sem alegria
Sem beleza
Sem estrela guia
Sem firmamento
Sem noite
Sem dia
Sem paz
Sem contentamento
Sinto-me perdido,
Vida sem poesia,
Pó de tristeza ao vento.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Eternamente criança


Eternamente criança
Heleno de Paula



Como é belo envelhecer...
É divino poder desfrutar o dia a dia.
Errar para aprender e os acertos ensinar.
Compartilhar as vivências só pedindo luz no caminhar.
Aos ouvidos de Deus, ser uma doce melodia.
O valor moral é o próprio respeito pela vida,
E ele juntamente com o amor faz o alicerce da família,
E essa por sua vez é a base de tudo.
Com ela não existem adversidades insuperáveis.
Como é bom envelhecer...
E ver que tudo que foi ensinado por nossos pais foi providencialmente importante,
Principalmente a colocar vírgulas para respirar nas linhas da vida.
Respirar, pausar, elucidar o pensamento e agir.
Isso sim é de suma importância, dar movimento ao pensamento,
Colocar em prática cada planejamento, cada sonho, cada pequeno desejo...
Aos olhos de Deus ser a virtuosa formiguinha das historinhas infantis.
Ser eternamente uma criança, mesmo aos olhos dos nossos filhos.




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