Lei de Direitos Autorais (Direitos de Autor e Direitos Conexos)

Essas obras literárias são protegidas pela lei número 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument

domingo, 15 de agosto de 2021

Conversa com o espelho

 Conversa com o espelho

 Heleno de Paula


Sabe quantas vezes errei?

Sabe quantas eu percebi?

Sabe quantas vezes eu caí?

Sabe como eu levantei?


Sabe o que me faz seguir?

Sabe por onde andei?

Sabe quem esteve aqui?

Sabe quem eu deixei?


Sabe o quanto eu vivi?

Sabe o que eu não sei?

Sabe o que agradeci?

Sabe para quem rezei?


Sabe o tempo de partir?

Sabe o quanto eu já chorei?

Sabe o que realmente é o sentir?

Sabe quem eu amei?


Sabe que envelheci?

Sabe como até aqui cheguei?

Sabe só refletir?

Será que eu saberei?


domingo, 11 de abril de 2021

Bastar-me

 Bastar-me

Heleno de Paula


Onde eu me basto, ainda não sei

Um dia descanso meus passos

Um dia...

Quem sabe?!?

Talvez!

E se não houver alguém lado a lado,

perdoe-me,

não diga que eu falhei

Pisar nas pedras em falso,

é sempre preciso,

são marcas, ao menos tentei

Caminhos distintos, não são despedidas,

não são desvarios...

Às vezes, por mais que as mãos estejam dadas,

é como se estivesse andando sozinho

Hoje, olhando o amanhã, sonhei

E vi, como foi importante seguir...

E assim me permitir, ser como eu sou

Essencial é buscar em si, 

o própio amor.


Quando eu me basto?!?

Um dia...

Quem sabe?!?

Talvez!












segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Singular

 Singular

Heleno de Paula


Salvo o verso,

mas por favor,

salve a tua palavra

O verso eu ressignifico

A tua palavra, ah, a tua palavra!

Ela cura, ela é singular

Ela carrega consigo a tua essência

Como quem traz na sonoridade uma magia

Reverbera na alma

O amor declamado por tua boca,

em tempo algum será incompreendido

O amor presente em versos,

apesar de pemear o mundo, tem o toque 

estéril

Salve a tua palavra!

Boca santa!

Palavra dita!

Os versos, ah, os versos!

Jamais saberão o que dizem,

se no porvir não desnudarem o corpo sobre o teu

Por ora, sem a tua presença,

moro no silêncio,

ávido por tua palavra sussurrada,

regente das inspirações nos sonhos meus.









 



terça-feira, 8 de setembro de 2020

Não sei

 Não sei

Heleno de Paula


Se sou forte, eu não sei,

mas suportar tua ausência,

é chamado esperança

É viver das lembranças, 

que nem o tempo pode apagar

É provar que o amor,

só resiste se houver confiança

É mudar de atitude,

se algo queira alcançar


Se sou forte, eu não sei,

mas vou seguindo daqui entre flores e espinhos

E bem mais, no destino e seus diferentes caminhos,

vou regando a saudade com todo pranto que eu já chorei


Se sou forte, eu não sei,

e se existe essa tal força,

já nem sei se é virtude,

pois nas minhas andanças, 

sempre fiz o que pude, 

preservar minha essência 

para não me perder no final...


Se sou forte, eu não sei,

mas vou entregar meu coração,

a essa luz que afaga minha alma, 

a essa paixão que me embriaga, acalma,

a essa poesia que me inspira os dias,

e que a boca um dia desses eu beijei.





















quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Depressão

Depressão
Heleno de Paula


Mora a dor em mim
Dizem...
Deixa isso passa

Tudo que é ruim...
Simples, o tempo apaga

E eu fico assim...
Sem saber se há esperança
Só de pensar sobre o amor,
ver a alma sofrer,
dá um nó na garganta

Sinto num corte profundo
O peso do mundo,
o medo vem e me arrebate

Sinto que a minha sintonia
além da poesia é com a melancolia,
talvez seja tarde

Mas se o acaso houver
Bem-vindo o que vier
Faça o que bem quiser...

Mas por Deus, não me mate!
Por Deus, não me mate...
Por Deus, não me mate.

















segunda-feira, 17 de junho de 2019

Qual é o teu medo?


Qual é o teu medo?
Heleno de Paula


Quantas rugas um espelho não viveu?
Quantos corpos uma sombra jamais sentiu?
Quantas vezes blasfemamos a Deus?
Quantos gritos da alma nem sequer se ouviu?

Quando o mundo nos calou a voz?
Quando a fome e a sede nos serviu?
Quantas vezes desatamos nós?
Quais os laços de verdade uniu?

Em quanto tempo se apascenta um coração?
Quantas vezes a saudade nos sorriu?
Quantas vezes já caiu um irmão?
Quantas vezes levantou e seguiu?

Quantas vezes estendemos nossas mãos?
Quantos abraços nos protegeram, viu?
É infindável interpelar só com a razão,
a emoção com poesia inferiu.














quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Um olhar

Um olhar
Heleno de Paula

No teu olhar, me fiz mirada
Paixão fulgurada
Razão revirada
Morada encontrei

Por esse olhar de jeito travesso,
Transgrido, enlouqueço...
Ao léu, peito, apreço...
Meus braços, outro alguém

E o ébrio poeta errante
Em terras distantes,
Num peito vagueia

Hesita por vezes, destino à sorte
Argúcia ferida
A vida o golpeia.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ontem

Ontem
Heleno de Paula


A ideia do hoje me amanhecer poeta,
pouco importa
Bonito foi o ontem,
quando em meus braços tive o céu,
tangível enquanto teu corpo
As pintas sobrepujadas como estrelas,
Imensurável prazer, infindo
Hoje a realidade se denota
O firmamento continua longínquo...
Ausência, solidão...
E a poesia se extinguindo.

Em tempo


Em tempo
Heleno de Paula


Taciturno tempo que não te tenho.
Sem teu sorriso, sem sonhos irisados,
Sem a urgência que só a nós pertence
Tudo é meia-nau, trivial...
Revel ao momento, aqui distante,
sigo descontente
E que se acuse o acaso pela cumplicidade no crime passional.
Insensatez verter nossos olhares serodiamente
E se os corações já não estão incólumes,
que o destino nos seja indulgente.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ah, se tu soubesses!

Ah, se tu soubesses!
Heleno de Paula


Só queria que tu soubesses
Que tudo escrevo tem teu dedo
Tem teus afagos
Tem nossos segredos,
pouco a pouco revelados

No pensamento tua voz ecoa,
Como se estivéssemos lado a lado
Ah, se tu soubesses!
Que tudo que escrevo tem teu dedo
Tem teu cheiro,
Tem meu peito despedaçado

Ah, mas se eu soubesse...
Que Deus mudasse o meu passado!

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Bardo navegante

Bardo navegante

Heleno de Paula


Na ânsia de escrever, e deleitar em versos o hodierno horizonte que os teus olhos em tempo percorre, peca o marujo-poeta. Perde-se entre o porto que te acerca, como a realidade aos teus pés feito cordoalha, e o mar bravio sedento de audazes que sob a voz da ambição o navega. Fraqueja o bardo navegante, hesita acompanhar a revoada sobre o espelho d'água. Temeroso, ancora a alma, à deriva deixa o corpo e a poesia queda embargada.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Fez-se a luz

Fez-se a luz
Heleno de Paula










Cuide da terra
Regue as flores
Abrace e beije os bichos, entre outros amores.
Compartilhe teus escritos
Ouça os discos
Relembre a canção preferida
A emoção que permeia, encandeia a vida
Descubra outras línguas, ensine...
Inunde com o teu sorriso, tantas outras bocas
Faça de cada segundo um momento sublime,
Pois há sempre alguém que te louva
E de verso em verso
Regozijo esta poesia, com as lembranças que trago de ti, encaracolados cabelos, amiga minha.
Palavras que anseiam o gozo
Desfrutar o mundo
Errar, acertar, tentar e tentar...
Recomeçar de novo
Conhecer a si, talvez até se perder
Mas enfim, permitir-se, ser.
Reverso do entrave nos olhos dos outros
Faça-se a luz da tua amizade
Em nossos destinos, um horizonte pomposo.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Meu grito

Meu grito
Heleno de Paula




Mãos trêmulas, a caneta em disparate, não consegue permear o papel com a sua cotidiana poesia.
As retinas em alarde, surtaram, acabaram de testemunhar, alvejaram mais pobre, negro, arrebatado pela violência do dia a dia.
O pensamento consternado, pasma-se.
Mais uma bala amarga a doce vida de uma criança nesta cidade.
A mãe, como se vendo a alma do filho saltar-lhe o frágil corpo que ao curto prazo, apenas oito anos o guardava, não ora, sem blasfemar, a Deus brava, o porquê de ter que velar a quem mais amava.
Transeuntes alheios ao sofrimento na companhia de autoridades que refutavam o acontecimento.
Gritos por justiça...
Punhos cerrados...
Sonhos cerceados...
Sensação de impunidade.
Mais gritos ecoam, faz-se um motim.
Inflam-se os pulmões, ressoam cívicos...
Covardes!
Em mim, o medo, a lágrima, a revolta...
O Estado a bancarrota.
Na mãe, nada suplanta a dor, só há saudade.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Um dia explico

Um dia explico
Heleno de Paula




Não queira chorar o meu choro,
Tampouco sofrer minhas dores.
Nem mesmo a saudade que eu sinto,
Compare aos lamentos tão seus.

Deus, me deu uma vida a levar...
Cuidou de tudo, soube bem
Um dia explico.

Deus,
Doou-me a ti, oh, minha mãe
Quis me rever, não penses mal
É só o ciclo

Pai, e se o pranto causar a revolta,
Blasfemarem em vão?
Se carecem de paz na alma...
Faz a redenção!
O amor prevalece, acalanta...
Dá voz a cada coração!

Pai, e se o tom entristece...
E agora, o que conforta?
Não temer jamais?!?
É certeza que a fé suplanta...
O que aprendi de Vós?!?
A esperança é chama perene!
Oremos nós.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Salve-se!

Salve-se!
Heleno de Paula




Eu salvo os policiais,
Tu, os traficantes
Ele, a Fátima Bernardes
Nós, os dias de glória
Vós, as derrocadas
Eles, os corajosos
Eu, os covardes.

Tu salvas o Mandela
Ele, o Hitler
Nós, a humanidade.
Vós salvais os cristãos
Eles, os evangélicos
Eu, os muçulmanos
Tu, o ateísmo
Ele, a ancestralidade.

Nós salvamos os animais
Vós, as matas
Eles, as águas
Eu, o progresso
Tu, a ordem
Ele, a liberdade.

Nós, os negros
Vós, os brancos
Eles, os amarelos
Eu, as diferenças
Tu, a igualdade.

Ele salva os do asfalto
Nós, os da favela
Vós, os do interior
Eles, os da cidade.

Eu salvo a poesia
Tu, toda tese
Ele, a utopia
Nós, a realidade.

Vós salvais os héteros
Eles, os homos
Eu, a diversidade.
Tu, me salvas
Ele te salva
Nós nos salvamos
Vós vos salvais
Eles se salvam

Por fim, que Deus tenha misericórdia, nos salve das nossas maldades.


sábado, 12 de novembro de 2016

Sob a luz

Sob a luz
Heleno de Paula




Senda no solo e no coração
Sob a luz que me guia, inspiração
 
Adorno meus pés, percorro o mundo
Retrato meus passos. Divago. Mudo.
Ao fim da jornada enlaço palavras em poesia
Às vezes, como uma leve pegada na areia, se transforma e o vento leva. Eleva.
Às vezes é fenda profunda, ferida aberta.
Depende dos olhos que veem, do peito de quem a carrega.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Oxum

Oxum
Heleno de Paula



Pouso meu pensamento na serenidade dos teus olhos,
Que por ora conduzem-me em segurança, sem hesitar, por entre as brumas da insensatez.
Incólume, adormeço em teus braços.
Teus doces afagos dissipam resquícios dos desvarios.
Descanso profundo, como se a minha alma voltasse ao teu ventre.
Uma viagem sem medo, sem anseios do porvir. Apenas regresso.
O tempo acalanta o meu sono, de volta a morada que concebeu a vida, rezo.
Reencontro a mesma luz que irradia tua fronte, o elo que nos funde em um só sentimento.
Curo o meu peito ao banhar-me em tuas águas.
Renasço do sulco da pedreira que te concerne.
Vivo e faço reverência a tua amabilidade.
Ora yê yê ô mamãe Oxum!

Ora yê yê ô!

terça-feira, 5 de julho de 2016

Último brinde

Último brinde 
Heleno de Paula




Taciturno tempo
Entre um gole e outro, 
Lágrimas e espaços versos
Declaro a efêmera companhia seu fenecimento
Lúgubre garganta minha,
Onde jaz mais um amigo de incontestável bom gosto.
Rotulado por muitos, pouco me importa...
Mais valeu a tua liquidez que fluiu noites afora enternecendo meu coração, que a razão fria que cada alvorecer me incita e a sobriedade denota.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Voo

Voo
Heleno de Paula




Divago em mau tempo
Sem grandes anseios, percebo a realidade que me acerca
Recito ao vento meus poemas, ouço almas...
Pássaros gorjeiam
O tempo voa, entes voam, anjos voam...
E a saudade me apega
Eu, já moço crescido
Esmorecido, por alguns traído...
Assim hei vivido.
Ah, mas Deus me apascenta!
Bem...
Tempo, divagas junto comigo!
Dá-me tuas mãos, deixe-me apertá-las,
Talvez assim os destinos se enlacem...
E eu hei de poder voar junto contigo,

Que essa vida é só passagem!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...