Lei de Direitos Autorais (Direitos de Autor e Direitos Conexos)

Essas obras literárias são protegidas pela lei número 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Salve-se!

Salve-se!
Heleno de Paula




Eu salvo os policiais,
Tu, os traficantes
Ele, a Fátima Bernardes
Nós, os dias de glória
Vós, as derrocadas
Eles, os corajosos
Eu, os covardes.

Tu salvas o Mandela
Ele, o Hitler
Nós, a humanidade.
Vós salvais os cristãos
Eles, os evangélicos
Eu, os muçulmanos
Tu, o ateísmo
Ele, a ancestralidade.

Nós salvamos os animais
Vós, as matas
Eles, as águas
Eu, o progresso
Tu, a ordem
Ele, a liberdade.

Nós, os negros
Vós, os brancos
Eles, os amarelos
Eu, as diferenças
Tu, a igualdade.

Ele salva os do asfalto
Nós, os da favela
Vós, os do interior
Eles, os da cidade.

Eu salvo a poesia
Tu, toda tese
Ele, a utopia
Nós, a realidade.

Vós salvais os héteros
Eles, os homos
Eu, a diversidade.
Tu, me salvas
Ele te salva
Nós nos salvamos
Vós vos salvais
Eles se salvam

Por fim, que Deus tenha misericórdia, nos salve das nossas maldades.


sábado, 12 de novembro de 2016

Sob a luz

Sob a luz
Heleno de Paula




Senda no solo e no coração
Sob a luz que me guia, inspiração
 
Adorno meus pés, percorro o mundo
Retrato meus passos. Divago. Mudo.
Ao fim da jornada enlaço palavras em poesia
Às vezes, como uma leve pegada na areia, se transforma e o vento leva. Eleva.
Às vezes é fenda profunda, ferida aberta.
Depende dos olhos que veem, do peito de quem a carrega.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Oxum

Oxum
Heleno de Paula



Pouso meu pensamento na serenidade dos teus olhos,
Que por ora conduzem-me em segurança, sem hesitar, por entre as brumas da insensatez.
Incólume, adormeço em teus braços.
Teus doces afagos dissipam resquícios dos desvarios.
Descanso profundo, como se a minha alma voltasse ao teu ventre.
Uma viagem sem medo, sem anseios do porvir. Apenas regresso.
O tempo acalanta o meu sono, de volta a morada que concebeu a vida, rezo.
Reencontro a mesma luz que irradia tua fronte, o elo que nos funde em um só sentimento.
Curo o meu peito ao banhar-me em tuas águas.
Renasço do sulco da pedreira que te concerne.
Vivo e faço reverência a tua amabilidade.
Ora yê yê ô mamãe Oxum!

Ora yê yê ô!

terça-feira, 5 de julho de 2016

Último brinde

Último brinde 
Heleno de Paula




Taciturno tempo
Entre um gole e outro, 
Lágrimas e espaços versos
Declaro a efêmera companhia seu fenecimento
Lúgubre garganta minha,
Onde jaz mais um amigo de incontestável bom gosto.
Rotulado por muitos, pouco me importa...
Mais valeu a tua liquidez que fluiu noites afora enternecendo meu coração, que a razão fria que cada alvorecer me incita e a sobriedade denota.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Voo

Voo
Heleno de Paula




Divago em mau tempo
Sem grandes anseios, percebo a realidade que me acerca
Recito ao vento meus poemas, ouço almas...
Pássaros gorjeiam
O tempo voa, entes voam, anjos voam...
E a saudade me apega
Eu, já moço crescido
Esmorecido, por alguns traído...
Assim hei vivido.
Ah, mas Deus me apascenta!
Bem...
Tempo, divagas junto comigo!
Dá-me tuas mãos, deixe-me apertá-las,
Talvez assim os destinos se enlacem...
E eu hei de poder voar junto contigo,

Que essa vida é só passagem!

Cotidianamente, algumas pessoas deveriam interpretar as palavras de Alexandre Dumas em Os três Mosqueteiros: "- Um por todos, e todos por um!". Soaria mais cristão do que: "- Isso é a verdade, assim está escrito!". Não haveria blasfêmia. As bocas falam o que lhes convêm, daí a falta de mérito por não mostrar as impurezas do coração. 


Heleno de Paula

                                      
Revisitem o passado, mas não se prendam a ele. Lembranças não fazem bem, quando os tornam exilados do presente. 

Heleno de Paula


Que Mauá?

Que Mauá?
Heleno de Paula




Por vezes a intuição não me favorece.
Ponho-me a pensar que eu esteja envelhecendo.
Ando meio cansado, esquecendo das coisas, dos significados e sinônimos de certas palavras, que por ora não me lembro, mas sei que este fato ocorreu nos últimos dias.
Daí, apresso-me a recolher minha memória, aguçar as lembranças...
Faço meus neurônios chacoalharem feito os jamelões que eu catava do pé de um vizinho em Mauá.
Saciavam-me a fome de menino.
Adoçavam-me a boca e a vida.
Manchavam-me as pontas dos dedos e a língua.
Até hoje, descortinando o pensamento, é possível enxergar o colorido passado.
Talvez eu esteja sendo um pouco rabugento comigo mesmo.
Talvez valham-me mais os frutos das recordações que acompanharam-se de cores, sabores e cheiros, do que a ideia de que palavras possam vir a mostrar um intelecto que não faz parte do real cotidiano que preenche meus anos de existência, cá sobre esse mundão de Deus.


Notas de um futuro que ainda não vi

Notas de um futuro que ainda não vi
Heleno de Paula


Tudo que conquistei, me foi concedido por mérito.
Ao longo dos anos mais ganhei do que perdi, confesso que tive vantagem, pois fiz do fim de cada dia uma medalha, justa premiação por concluir uma jornada de árduo trabalho e convivência com os meus semelhantes (cada qual com suas particularidades), é verdade! Mas a totalidade da vivência, sempre foi positiva, graças a fé que me tomou pelas mãos e me guiou por esse mundo afora. 
Conheci o que era virtude através dos olhos-espelhos dos que sorriam ao me ver. 
Reinventei meu jeito de ser por diversas vezes, sem jamais ser volátil.
Vi amarguras, vivi desventuras, sonhei ilusões... 
Seria inimaginável ter convivido alheio aos anseios dos próximos. Ah! Como Deus foi complacente comigo, eu que tive um passado imaturo, prostrei diante desse futuro, como se carregasse a rotina feito uma lápide que adornaria minha própria cova, estou aqui. Estou no lucro, pronto para mais uma poesia que meu destino devaneia.


Azul

Azul
Heleno de Paula




Aprumado meu corpo na tua rede
Minha vivacidade se embala, descansa.
Os olhos extinguem o entorno verde
Fustigados pelo vento, que consigo traz lembranças
Azul imensidão,
Pai no pensamento.
Infinito azul, azul vazio, desatino!
Em vão, busco o contínuo alento
A dor é revoada em delta que cinge o céu
Volta e meia, revisita minha morada
E o pior, não tão previsível quanto o tempo de emigrada

Vou no rumo que Deus traçou
Que tua alma me acompanhe, nos voos de saudade, que a tua passagem me deixou.

domingo, 29 de maio de 2016

Deixo a ti

Deixo a ti
Heleno de Paula




Tuas lágrimas me inspiram,
Como um canto em triste tom.
Cada alma tem seu dom
Deixo a ti minha gratidão ante teu coração
Vi teu manto cobrir meu chão
Ouvi meu nome em tua oração
Mas há dias em que o frio vem me visitar
O medo faz morada em meu olhar
Solidão no Crepúsculo
Vermelho luar
E a eternidade a me chamar...
E eu, e eu, e eu, e eu...
Ah, vida!
Posto a me entregar
É justo assim findar?
Vazio o peito, chama prestes a se apagar
E eu, e eu, e eu, e eu...
Destino?
Os olhos por fechar
E eu, e eu, e eu, e eu...
Isso é tudo?
É o ciclo?
É renovar?
Ah, vermelho luar!
Os anjos já me anunciam
O corpo renuncia
A Alma aprazia
E Deus, e Deus, e Deus, e Deus...
É Deus?
E eu, e eu, e eu, e eu...
Só me resta te deixar...
Adeus, adeus, adeus, adeus...
Adeus.


sexta-feira, 11 de março de 2016

Ao menos uma vez

Ao menos uma vez
Heleno de Paula




Quem me dera saltar dentre estas páginas, sob o teu olhar de amor furtivo,
Entrelinhas, ser o anseio que tua libido implora.
Despudorava-te o pensamento
Tornava-te um ser mais instintivo
Avassalaria tuas ideias, como a verve volúvel de um poeta qual a paixão devora.

Quem me dera desmistificar-te sem receios
Palavras que sussurram, tuas mãos tateiam
Ser as carícias confidentes entre versos e outros meios madrugada afora.

Ah, quem me dera te sentir, assim como me sentes!
Ler-te e reler-te incansavelmente
Desnudar-te em poesia

Quem me dera tracejar teu corpo
Preencher-te de vida reticente
Ao menos uma vez o destino poderia findar-me.
Quem me dera!
Quem me dera...
Assim de ti me vingaria.


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Fato

Fato
Heleno de Paula





Ao que indaga sobre meus anseios e amores,
Sem rumores e pudores eu lhe falo
Tudo me importa, em tudo há vida...
Sons, tatos, cheiros, lembranças e sabores
Até mesmo uma folha branca pra mim significa,
É o pensar, é o novo, é o início do meu trabalho.
A tua curiosidade sobre mim, me dignifica.
Contemplo até mesmo limpar a bunda com papel sanitário.
Esta última referência, não pense ser chula ou a estes versos descabida.
É para lembrar-te que não há fama, dinheiro ou afins banais
Nada suplanta a vivência intrínseca
Perecemos sob solo fétido,
Fato.

Somos todos iguais.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

No way

No way - Minha viagem nas águas de Leminski
Heleno de Paula




Noé,
Não é nóia não, no way!
É papo reto meu rei.
Rasgado o bote inflável,
Clamam ao infalível, os ditos puros.
No mar de gente, um impávido?
Não salva os sonhos em apuros.

Na crista da onda, insanos,
Articulando seus planos
Bote infalível da serpente
Envenenando...
Causando toda moléstia.
Carregando...
Nossa cruz o Cristo sente.

Estamos à deriva!
A história é repetitiva.
É traição expressiva.
Já não é só Eva e Adão,
Pecamos em multidão.
Maçã em massa,
Boom!
É atração explosiva.

Pensaram que haveria saída?
Dessa vez não, no way out!
Game over
Finish
Goodbye my friend

Não haverá mais partida.
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