Meu grito
Heleno de Paula
Heleno de Paula
Mãos trêmulas, a caneta em disparate, não consegue permear o
papel com a sua cotidiana poesia.
As retinas em alarde, surtaram, acabaram de testemunhar, alvejaram mais pobre, negro, arrebatado pela violência do dia a dia.
O pensamento consternado, pasma-se.
Mais uma bala amarga a doce vida de uma criança nesta cidade.
A mãe, como se vendo a alma do filho saltar-lhe o frágil corpo que ao curto prazo, apenas oito anos o guardava, não ora, sem blasfemar, a Deus brava, o porquê de ter que velar a quem mais amava.
Transeuntes alheios ao sofrimento na companhia de autoridades que refutavam o acontecimento.
Gritos por justiça...
Punhos cerrados...
Sonhos cerceados...
Sensação de impunidade.
Mais gritos ecoam, faz-se um motim.
Inflam-se os pulmões, ressoam cívicos...
Covardes!
Em mim, o medo, a lágrima, a revolta...
O Estado a bancarrota.
Na mãe, nada suplanta a dor, só há saudade.
As retinas em alarde, surtaram, acabaram de testemunhar, alvejaram mais pobre, negro, arrebatado pela violência do dia a dia.
O pensamento consternado, pasma-se.
Mais uma bala amarga a doce vida de uma criança nesta cidade.
A mãe, como se vendo a alma do filho saltar-lhe o frágil corpo que ao curto prazo, apenas oito anos o guardava, não ora, sem blasfemar, a Deus brava, o porquê de ter que velar a quem mais amava.
Transeuntes alheios ao sofrimento na companhia de autoridades que refutavam o acontecimento.
Gritos por justiça...
Punhos cerrados...
Sonhos cerceados...
Sensação de impunidade.
Mais gritos ecoam, faz-se um motim.
Inflam-se os pulmões, ressoam cívicos...
Covardes!
Em mim, o medo, a lágrima, a revolta...
O Estado a bancarrota.
Na mãe, nada suplanta a dor, só há saudade.