Lei de Direitos Autorais (Direitos de Autor e Direitos Conexos)

Essas obras literárias são protegidas pela lei número 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fêmea fatal


Fêmea fatal
Heleno de Paula



Apesar de confuso, não temo mais a tua chegada.
A observo atentamente, me preparo para receber o teu bote certeiro.
Me entrego por inteiro. Rendo-me uma vez mais a ilusão da droga que embriaga.
Perco-me por esse teu jeito volátil, é mal vinda toda essa tua loucura.
A fera instável que jamais adormece, reaparece,
Insaciável à procura da caça teu libido fulgura.
O prazer escorre da língua entre os dentes,
Lubrifica todo o corpo, exalando um olor excitante,
Ludibria o desejo dos inocentes,
O escarnecer das feições pós-gozo é instigante.
A fêmea fatal, envaidecida vira-se, geme e suspira.
Teu olhar felino, penetrante, punge o peito de mais uma presa.
Sangra o amor dilacerado, espalha-se a emoção assassina,
A chama ardente finalmente está acesa.
Queima, arranca as vestes, faz suar as carnes desnudas.
Expele a paixão, esse veneno tão contraditório e tão fascinante.
Pra uns a própria morte, pra outros a cura, após inocular tal sentimento conflitante.
Assim as vidas anoitecem, padecem em teu colo, entregues a toda má sorte.
Apaga do coração e da mente as íntimas lembranças.
Teu cio interminável vai buscar outras vítimas do teu dote.
Por mais um momento a tua luxúria me mancha.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Siga em paz...


Siga em paz...
Heleno de Paula


A alma nunca descansa,
Despe-se do corpo enquanto ele dorme.

Só leva consigo o pão da esperança
E o vinho do amor por quem ela sofre.

Viaja por mundos que a razão desconhece,
Depura-se e regressa como sonhos, lembranças.

A pureza criança é o que prevalece
Sentimento primor, onde a luz sempre alcança.

Seja em prova de dor, seja a missão qual for...
Conduza bem livre-arbítrio, faz merecer a bonança.

A vida em virtudes o agradecerá sem fulgurar desvario,
Justiça, fortaleza, prudência e temperança.

Um destino sóbrio se fará recompensa,
É o ciclo a renovar-se feito nascente de rio.

Siga em paz... Não temas nem mais o frio,
Além do horizonte um sorriso te espera.

Reconhecerás o verdadeiro amigo,
Resplandecerás numa perene primavera.
 





domingo, 20 de maio de 2012

Lenço marrom


Lenço marrom

Heleno de Paula


Revendo esta foto,
Recordei do teu lenço marrom na cabeça,
Do meu mundo que era outro,
Dos teus conselhos e esporros,
Das alegrias e das poucas tristezas.
Que saudade daquela vila!
Vila tão viva em sentimento.
Vila do Engenho Novo,
Assim como os meus momentos...
Pueril coração aventureiro,
Controverso as artimanhas de menino,
Singelo, despido de maldades,
Descamisado com os pés descalços...
Moleque apenas. Verdadeiro.
Lúdica fase da vida,
Genitora de valores, mestra das faculdades...
Meu espelho era o teu destino,
Onde foi dado o pontapé inicial...
Aprendizado do bem e do saber,
Virtuoso currículo entre as adversidades.
Eu pensava...
Como eu pensava...
De onde vinha tanta sabedoria?
Dos convívios, dos livros, de outras vidas...
E o equilíbrio?
De onde vinha toda aquela força? Deidade?
Qual era tua fonte de energia?
Se cada dia era uma guerra,
Como saia sempre incólume?
Minhas dúvidas eram apenas detalhes.
Eu, a criança. Tu, a fortaleza.
Ele, a esperança. Nós, belas lembranças.
Vós, vossa vontade.Eles, que assim seja...
Seus sobrinhos, também seus filhos.
Nossa família, nossa riqueza.





 







quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mar de Amália


Homenagem a Amália Rodrigues.

 

Mar de Amália

Heleno de Paula



Hoje eu chorei quando ouvi um triste fado,
Reportei as lembranças à gente da minha terra lusa.
Mergulhei na doce loucura do meu passado
E aportei na melodia da eterna musa.

Mar de Amália em litoral Alentejano,
Que inspiraram minhas paixões por esses anos.
Confesso, “Ai Mouraria” em teus braços novamente.

Meus olhos verdes, como duas luzes se iluminaram,
Ao te ver abancada na tendinha na primavera.
Tuas canções tão sublimes aliviaram,
O fardo das penas que um dia alguém me dera.

Quando passei por você vi sentimento,
Na troca de olhares me perdi em teu sorriso.
Meu coração de estranha forma alterou seu batimento,
O avassalador primeiro encontro foi conciso.

Era eu apenas um marujo poeta do oceano,
Em terra firme, admirador das rubras sardinheiras,
Que Deus me perdoe! Pois vou chorar todo meu pranto.
Sabe-se lá quando encontrarei outra rainha verdadeira.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Inesquecível


Inesquecível
Heleno de Paula


Hoje ao acordar, não sei bem dizer, não sei nem o porquê, está até difícil de poder entender, pra uns realmente será incompreensível e não saberei explicar.
Mas hoje ao acordar, eu pensei em você, pensei com todo o meu carinho, foi a maior alegria, um enorme prazer, é impossível de se mensurar. Até sorri sabia? É... Foi de surpreender. Sorri simplesmente por lembrar-me de como é lindo sonhar, de como era bom ter você, de como é eterno o amar.
Recorda-se de quando a paixão despertou-se?
Foi tudo tão rápido, logo transformado em amor.
Precoce? Talvez.
Era tudo tão puro, que a razão comparada à emoção, era como a gente, o juízo ainda era um menor de idade.
E esse mesmo sentimento que nos incendiou, ficou sem controle, sem equilíbrio e causou a nossa separação. Findou-se apenas um capítulo de nossas vidas na realidade.
Desde lá crescemos bastante, amadurecemos sem dúvidas.
Calcular certas atitudes fez-se necessário durante todo esse tempo, para colhermos promissores resultados. Claro que nem tudo correu do jeito que queríamos, mas quando algo dava errado, era apenas por um momento e pouco a pouco foi se formando a nossa identidade.
Não obtive notícias suas, nem estou lamentando esse meu pensamento, tampouco acredito que você queira saber sobre como vai a minha vida, se eu vivo aventuras... O que já não me causa tanto desapontamento.
O simples fato é que hoje ao acordar pensei em você.
Refleti sobre como a vida é imprevisível, de como cada pessoa é inconfundível, que certas coisas realmente não se apagam só por querer.
Hoje ao acordar pensei em você, primeiro amor inesquecível, com o mais belo sorriso do amanhecer. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Alma tatuada


Alma tatuada
Heleno de Paula

          
Assim como o teu corpo marcado,
Sua alma ficou tatuada em meu coração.
Sinal que te mostra tão eloquente,
Que mesmo distante a torna presente,
Como o fogo e a água, o céu e o meu chão.
Passado o tempo, a vida seguiu...
Trouxe uma nova paixão e a dor sucumbiu,
Mas a poesia que hoje vive em mim,
Prefere o passado, o lamento do fim.
E quem me escutar, pode até rir ou chorar...
Dizer que tudo isso é mera loucura,
Que pensar em dissabor já não tem cabimento,
Mas o que escrevo expele o meu sentimento,
Remedia as lembranças, se transforma em cura.
Há um ditado que se faz valer nesse exato momento:
Não se vive um grande amor se não houver sofrimento,
Não existem doces momentos se não houver amargura.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Liberte-se da escravidão mental..."


"Emancipate yourself from mental slavery..."
“Liberte-se da escravidão mental...”.
Por Heleno de Paula


Liberte o pensamento que é ardente
Faça jus ao livre-arbítrio da vivalma
Viva mais, mas que se viva intensamente,
Seja o ousado colo quente que me acalma.
Embriague de paixão essa corrente,
E o escravo se tornará senhor da causa
A consciência vai dormir tranquilamente
E vai sonhar...
Libido voo entre as asas.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

O palhaço


O palhaço
Heleno de Paula


Findava mais um espetáculo,
Como ficava triste o palhaço à meia luz do picadeiro
Respirava o ar profundamente,
E saía de cena se mostrando verdadeiro.
Era mais que sincero por trás das lentes
Limpava a face, alma e corpo por inteiro,
E sem as tintas, sem as roupas, sem ser sorridente,
Enxugava as lágrimas se olhando em frente ao espelho.
Pobre imagem que refletia a realidade,
Que maquiada sempre aliviava o desespero,
De andar e andar, de cidade em cidade,
Sem encontrar uma paixão, o amor primeiro.

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