Re(pouso)
Heleno de Paula
Assim como nossas mãos se enlaçam,
que descansem nossas almas lado a lado,
despojadas de todo passado.
Mas não te adormeças,
mira meus olhos e te vejas,
repare que não estás aprisionada,
pois não sou eu o passarinheiro.
Vim de encontro ao teu canto,
apenas para contemplar-te,
admirar tua vivacidade.
Não te esqueças,
alça teus voos, postos a salvo,
pois não serei eu a rapina sorrateira.
No silvar dos ventos, tu encontrarás a minha voz, mas não terão a intenção de desviar-te o caminho.
Ao buscar o horizonte, em meio a revoada de sonhos, ali eu estarei.
Não te aflijas, migrar é ensinamento.
Que no porvir, possa-me confiar o teu pouso, assim como nossas mãos se enlaçam, e descansam nossos corpos lado a lado.
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