Lei de Direitos Autorais (Direitos de Autor e Direitos Conexos)

Essas obras literárias são protegidas pela lei número 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sem viés


Sem viés
Heleno de Paula



Mal e entediado,
Tenho acordado cansado dos sonhos sonhados,
Das coisas reais,
Das esperanças carnais.
A mente pesada já pensou bem mais.
Está depressiva, escura.
Breu no quarto, no pensamento e na alma.
Frio, calafrios e uísque sem gelo.
Acendo um cigarro que entorpece minha demência passional.
Sentado à janela no meu calabouço quarto,
Relaxo na típica pose de loucura.
Estufo o peito, respiro fundo,
Esboço uma possível tentativa de erguer-me,
O corpo me trai, tombo e resmungo.
Ouviu o galo cantar pela terceira vez Pai?
Lágrimas, há culpa e devaneios.
A solidão desconhecida excitou-me a provar o fel
Fraco, opaco na vida esmoreci no meu leito,
Entre penas, tintas e papéis.
Vis ferramentas,
Transmutaram minha trajetória em meras poesias incompreendidas,
Versos de atitudes sem viés.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Anjo caído


Anjo caído
Heleno de Paula


Deleita- se entre as pétalas da promiscuidade
Do teu corpo é exsudado o bálsamo do prazer
Tua essência é chamada de luxúria
Passando em mãos, tem malícia sem incúria,
Tua nudez é o frasco ímpar do querer
Excita homens e mulheres por ensejo,
A natureza que fecunda teus desejos
É só carnal, sem sentimento, sem sofrer.
Teu aroma é volátil em cada cama
Íncubo ou súcubo, não importa como se chama,
O teu nome é indiferente de saber.
Anjo caído, por pecados e infâmias,
Manchou minh’alma de libido ao me ter.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Moléstia


Moléstia
Heleno de Paula



Meu pensamento por ti vagando
Só não sei até quando suportarei essa moléstia
Meu peito sangra,
A alma o sente incendiando
O coração atormentado cai sobre a terra.
Terra ou realidade tanto faz
Eu colherei a podre dor da tua guerra
Tua semente que um dia germinou paz
Poluiu-se da vaidade e hoje jaz.
O puro amor, fruto primor se dilacera.

domingo, 19 de agosto de 2012

Amizade colorida


Amizade colorida
Heleno de Paula


Deixo...
Deixo um espaço entre outros versos,
Deixo as rosas em meia-água,
Pra que tu possas preencher,
Com a poesia de tuas lágrimas.

Deixes...
Deixes os lamentos em ombro amigo,
Se chorar, que chores comigo,
Se envergonhar não tem o porquê,
É ainda bem cedo, mas um dia você vai entender...

Quero...
Quero os “quereres” desse mundo,
Conviver entre outros planos
No coração bem lá no fundo,
Te guardar pra jamais te perder.

Queira...
Queira viver as consequências da colorida amizade
Que se viva intensamente esse sentimento de verdade,
Cumplicidade foi o que fez nos querer,
É inegável não consentir o amor que existe entre mim e você.





  

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pequeno boiadeiro


Pequeno boiadeiro
Heleno de Paula
                        Imagem Izan Petterle

Encurralado pelo destino
Já tive medo das coisas da vida,
Das incertezas, da Caatinga,
Dos absurdos e dos males envoltórios.
Eu, apenas criança, um pequeno boiadeiro,
Burlado pela responsabilidade do trabalho
Precocemente padeço dia a dia
Pele e osso, alma com sede,
Clamo em desespero:
Cede minha Nossa Senhora aos apelos que faço.
Ave Maria!
Abolido das brincadeiras,
Mesmo sem querer ter sido liberto,
Finco aqui minha bandeira
Iletrado sim, não disperso.
Judiações...
Calos nos pés, nas mãos e suor nos olhos.
Ah! Esse sim, esse me faz chorar.
E como arde!
Arde o sol, o solo seco e a minha infância.
E assim as coisas passam...
Rogo sempre: Há que passar!
Sonho com as trombetas dos anjos
Acordo ao som do berrante,
Antes mesmo de a aurora apontar.
Levanto. Canto e lamento...
Ê boi, ê boi, ê dor... Que ironia!
Minha sina de tristeza foi marcada
Feito o gado por ferro em brasas
Eu berrava e ele gemia.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Alma poeta


Alma poeta
Heleno de Paula


Leia-se amor
Inspire-se em sentimentos
Plausível é viver no bom humor
Sorrir pra remediar qualquer desalento
Apascentar o coração dia a dia
É se conhecer, é buscar-se intimamente,
Só pode achar-se um vencedor
Quem na vida doar-se
For complacente
Seja afeto
Eterno feto em desenvolvimento
Pequeno aos olhos de Deus
E que seja ínfimo até
Quanto menor mostrar-se, maior será a tua glória,
Humildade suplantando as vicissitudes
Uma alma poeta completando um pequeno capítulo de sua história.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Lapa em silêncio


Lapa em silêncio
Heleno de Paula


Lapa em silêncio
O sol te adormeceu
Secou tuas lágrimas de sereno
Tua maquiagem já manchada,
Pelos arcos escorreu.

Desgastados pela loucura
Entorpecidos pelas drogas
Tua humanidade é carne crua,
Tua alma nua é ainda inóspita.

Insanos em cada esquina
Arrebatados pela madrugada
As vidas se perdem numa partida
Os destinos regressam uma jogada.

Por te amar corro esses riscos
Defendo-te prenda minha, a boêmia apaixonada,
Quebro as grades do preconceito
Liberto-te nas canções e nas poesias,
Nos pensamentos e nas noites enluaradas.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

Idílio poema


Idílio poema
Heleno de Paula
                       Imagem Idílio - Tarsila do Amaral



Tão verdes são as minhas lembranças
Marcaram-me, como essas pegadas na terra,
Vejo dançar os capins das impávidas montanhas
O aroma me alcança e meu sorriso desperta.

Fecho os olhos e respiro profundamente,
O ar me adentra, oxigena a pureza em abundância,
Inspiro o idílio poema suavemente
Suspiro com os tons de aquarela da infância.

Caminho livre por teus vales
Voo e navego em tuas belezas
Teu corpo banhado por mares
Teu colo colina o meu apogeu... Minha fortaleza.







sexta-feira, 6 de julho de 2012

Concha aberta


Concha aberta
Heleno de Paula


Escrevi uma poesia na beira da praia
Na imensidão da mais bela areia
Veio a espuma da onda do mar
Levando meu poema pra sereia

Eu ouvi uma melodia
Canto triste que ecoou
Janaína que surgia
E meus versos ela entoou

Brilha estrela do mar
Reflete teu lume, me clareia,
Uma estrela no céu vai me guiar
E o vento me apruma, não bambeia.

O pranto do mundo termina no mar
No oceano a tristeza se dissipa
Cada vida é um barco a se navegar
E o amor é o porto onde ele se finca

Aportei no teu cais o meu destino,
Seguro demais fiz a minha morada
Mas o meu sentimento é maré com seus ciclos
Quando baixa, lamento a dor,
Feito concha aberta na enseada.




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Edredom


Edredom
Heleno de Paula


Quero tocar o céu da tua boca
Quero rasgar o véu do teu pudor
Quero banhar-te, como se banham os felinos,
Quero um chão de estrelas pra gente fazer amor

Quero enroscar minhas mãos por baixo dos teus cabelos
Quero percorrer teu corpo inteiro e te puxar pela nuca
Quero te ouvir falar que isso é bem gostoso
Quero entranhar-me nas tuas partes, fazer você gemer, deixando-a maluca

Quero infinitamente admirar-te
Quero em beijos arrancar-te o batom
Quero me cansar, te cansar e te marcar a carne,
Quero só resumir nesses detalhes...
O quão será melhor mais tarde embaixo do edredom.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Porta-retratos


Porta-retratos
Heleno de Paula


Queria muito poder ouvir a tua voz
Como não mais posso,
Satisfaço-me com o teu silêncio num abstrato sorriso
Tão belo... Hoje limitado em minhas mãos,
Velo nosso amor num pequeno porta-retratos
Objeto infiel, porém cuidadoso com cada inquilino.
Fidelidade nunca foi tão constante
Sua memória é volátil, assim como as vidas e os destinos.
As lembranças são substituídas de romance em romance,
Renovam-se sentimentos e poesias que me atinam.
As lágrimas de saudade sempre te lavam,
Os ventos transpassam a janela e te secam,
Acariciam o teu corpo de vidro, muito frágil,
Quebram-se os corações dos solitários que te pegam.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Oração natural


Oração natural
Heleno de Paula


O ventou soprou
A folha caiu
Pedra que rolou
Fogo sucumbiu

Natural
Naturais, são os caminhos que nos levam a paz.

Alma que sonhou
Deus te assistiu
Água que brotou
Vida que surgiu

Natural
Naturais, as escolhas, a gente é que faz.

Mas se tem sofrimento
Mais se tem solidão
Peça ao Pai do céu, pra te livrar os lamentos,
Mas que peça com fé, peça mais o teu perdão.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Vende-se


Vende-se
Heleno de Paula



Em qualquer canto desse mundo...
Perambulando com os pés descalços,
Há mais um moleque roto, entregue a toda sorte de malefícios.
Moribundo, apenas esperando uma placa de vende-se no seu corpo.
Não vale nada! Gritava outro alucinado.
Eles estão por toda parte.
Quem enxerga, não quer ver.
Quem tem ouvidos, não quer escutar.
Já saiu no jornal: “Ensaio sobre a cegueira” é uma história real, aconteceu...
Aqui não existe vergonha,
Sustentabilidade de usuários: Manufatura de drogas,
Tipo reciclagem do pó e da maconha...
Ufa! Aonde vai parar tudo isso?
A culpa é só do governo ou de toda sociedade?
Pare e pense, faça a sua parte.
Oportunidade é oportunidade.
Sacanagem é sacanagem.
Pesquise, descubra, vote e mude de verdade.
Não reclame se amanhã pagarem pouco por você.
Pense nisso! Não é mera bobagem.

domingo, 10 de junho de 2012

Fruto devasso


Fruto devasso
Heleno de Paula


Deite-se sobre o solo libidinoso
Meu corpo é o chão que te espera
Viril campo de plantio pecaminoso
Rego a ti com gozo semente púbere,
Sou relva excitante na primavera.

Deixe-me tocar seus anseios
Desvendar os desejos
Esburgar-te mulher impudente,
Satisfazer a sede do teu colo com meus lábios
Sentir a pura sensualidade de sabor indecente.

Fruto devasso amadurecido
Encarnado promíscuo, cor que alucina os olhos de prazer,
Não contidos, deliramos ensandecidos,
Escorre o mel da volúpia,
Espalha-se a seiva-sêmen do querer.






sexta-feira, 8 de junho de 2012

Difícil é suportar a saudade


Difícil é suportar a saudade
Heleno de Paula  
       

 A brisa noturna adentrava meu quarto.
 As rosas brancas dispostas na janela lacrimejavam gotas de orvalho, agradecidas pelo findar de mais um dia.
 Acostado a cama, pronto para dormir, tateei a cabeceira na penumbra do âmbito. Alcancei um dos livros que a compunha, tomei-o e me pus a ler. Folhei-o despretensiosamente, queria apenas entreter minhas retinas, fadigadas por observar as nossas mazelas humanas. De repente em meio às páginas, encontrei uma fotografia que me causara grande comoção.
Tratava-se de uma foto da minha doce avozinha. Apesar de estática aos olhos, aquela imagem ganhou vida em meu pensamento. Intuído por boas lembranças, esbocei um leve sorriso. Senti-me acalentado nesse momento.
 Meu corpo enfim repousara. Ao adormecer, minha alma entusiasmada com tal sensação, rumou ao mundo dos sonhos, em busca de uma plausível explicação pelo fato ocorrido. Logo na chegada, a resposta foi dada. Fui recebido por aquela que quando encarnada, dedicou-se a zelar por mim, minha amada vozinha. Não chorei, simplesmente corri ao encontro de seus braços, já não mais frágeis, porém ainda muito delicados. Ao olhar teu semblante iluminado, abri um largo e quase eterno sorriso. O interessante é que não foi preciso dirigir uma só palavra, tudo estava descrito naqueles gestos, a mais pura forma de amor estava ali contida. Abraçamo-nos longamente, nesse instante uma enorme fonte de energia transmutou todo o ambiente.
 Era o alvorecer me despertando. Levantei, contemplei o céu e conversei com Deus. Assim como as flores, agradeci por mais um dia, principalmente por ter podido enxergar e ouvir de outra maneira, através da alma. Descobri que todo e qualquer sofrimento se faz necessário para instrui-la na escola divina que é a própria vida.
 Com esse turbilhão de pensamentos e sentimentos, percebi o quão é importante fazer o bem e estar bem consigo mesmo.   Quase que instantaneamente essa frase me veio a cabeça: Eu sou o reflexo da alma, sou a sua própria expressão.
Esse breve e belo resumo explicara algumas dúvidas que surgira quando acordei. Eu não sonhei. Eu estive lá.   Difícil é suportar a saudade.  
      

domingo, 3 de junho de 2012

Loucura


Loucura
Heleno de Paula


Por que me atormentas?
O que ainda desejas?
Já me bastam os pesadelos com o pranto da tua loucura.
Deixe-me.
Pensas que sabe algo de mim?
Lave a tua boca,
Não consegue nem enxergar a tua triste realidade.
Insana, em tua saliva espumada com a raiva,
Eu molho a ponta da minha pena,
E faço um poema pesado de rancor, dor e amargura.
Não assino, pois simplesmente escrevo o que a tua própria alma dita.
Mal dita, é tão pobre de espírito que não sabe expressar-se.
É um dom quase negado, renegada em apuros,
Salve-se agora! Tens uma eternidade pela frente,
Porém quanto antes, menos tortuoso será o teu caminho.
Lama, pedra, fogo, lodo e tua carne podre. Tudo igual.
Assim como os teus comparsas sombrios,
Corra...
Lave-se...
Deixe escorrer toda essa maldade no ralo fétido no vale do desespero.
Resgate-se...
Pois ninguém o fará por você.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fêmea fatal


Fêmea fatal
Heleno de Paula



Apesar de confuso, não temo mais a tua chegada.
A observo atentamente, me preparo para receber o teu bote certeiro.
Me entrego por inteiro. Rendo-me uma vez mais a ilusão da droga que embriaga.
Perco-me por esse teu jeito volátil, é mal vinda toda essa tua loucura.
A fera instável que jamais adormece, reaparece,
Insaciável à procura da caça teu libido fulgura.
O prazer escorre da língua entre os dentes,
Lubrifica todo o corpo, exalando um olor excitante,
Ludibria o desejo dos inocentes,
O escarnecer das feições pós-gozo é instigante.
A fêmea fatal, envaidecida vira-se, geme e suspira.
Teu olhar felino, penetrante, punge o peito de mais uma presa.
Sangra o amor dilacerado, espalha-se a emoção assassina,
A chama ardente finalmente está acesa.
Queima, arranca as vestes, faz suar as carnes desnudas.
Expele a paixão, esse veneno tão contraditório e tão fascinante.
Pra uns a própria morte, pra outros a cura, após inocular tal sentimento conflitante.
Assim as vidas anoitecem, padecem em teu colo, entregues a toda má sorte.
Apaga do coração e da mente as íntimas lembranças.
Teu cio interminável vai buscar outras vítimas do teu dote.
Por mais um momento a tua luxúria me mancha.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Siga em paz...


Siga em paz...
Heleno de Paula


A alma nunca descansa,
Despe-se do corpo enquanto ele dorme.

Só leva consigo o pão da esperança
E o vinho do amor por quem ela sofre.

Viaja por mundos que a razão desconhece,
Depura-se e regressa como sonhos, lembranças.

A pureza criança é o que prevalece
Sentimento primor, onde a luz sempre alcança.

Seja em prova de dor, seja a missão qual for...
Conduza bem livre-arbítrio, faz merecer a bonança.

A vida em virtudes o agradecerá sem fulgurar desvario,
Justiça, fortaleza, prudência e temperança.

Um destino sóbrio se fará recompensa,
É o ciclo a renovar-se feito nascente de rio.

Siga em paz... Não temas nem mais o frio,
Além do horizonte um sorriso te espera.

Reconhecerás o verdadeiro amigo,
Resplandecerás numa perene primavera.
 





domingo, 20 de maio de 2012

Lenço marrom


Lenço marrom

Heleno de Paula


Revendo esta foto,
Recordei do teu lenço marrom na cabeça,
Do meu mundo que era outro,
Dos teus conselhos e esporros,
Das alegrias e das poucas tristezas.
Que saudade daquela vila!
Vila tão viva em sentimento.
Vila do Engenho Novo,
Assim como os meus momentos...
Pueril coração aventureiro,
Controverso as artimanhas de menino,
Singelo, despido de maldades,
Descamisado com os pés descalços...
Moleque apenas. Verdadeiro.
Lúdica fase da vida,
Genitora de valores, mestra das faculdades...
Meu espelho era o teu destino,
Onde foi dado o pontapé inicial...
Aprendizado do bem e do saber,
Virtuoso currículo entre as adversidades.
Eu pensava...
Como eu pensava...
De onde vinha tanta sabedoria?
Dos convívios, dos livros, de outras vidas...
E o equilíbrio?
De onde vinha toda aquela força? Deidade?
Qual era tua fonte de energia?
Se cada dia era uma guerra,
Como saia sempre incólume?
Minhas dúvidas eram apenas detalhes.
Eu, a criança. Tu, a fortaleza.
Ele, a esperança. Nós, belas lembranças.
Vós, vossa vontade.Eles, que assim seja...
Seus sobrinhos, também seus filhos.
Nossa família, nossa riqueza.





 







quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mar de Amália


Homenagem a Amália Rodrigues.

 

Mar de Amália

Heleno de Paula



Hoje eu chorei quando ouvi um triste fado,
Reportei as lembranças à gente da minha terra lusa.
Mergulhei na doce loucura do meu passado
E aportei na melodia da eterna musa.

Mar de Amália em litoral Alentejano,
Que inspiraram minhas paixões por esses anos.
Confesso, “Ai Mouraria” em teus braços novamente.

Meus olhos verdes, como duas luzes se iluminaram,
Ao te ver abancada na tendinha na primavera.
Tuas canções tão sublimes aliviaram,
O fardo das penas que um dia alguém me dera.

Quando passei por você vi sentimento,
Na troca de olhares me perdi em teu sorriso.
Meu coração de estranha forma alterou seu batimento,
O avassalador primeiro encontro foi conciso.

Era eu apenas um marujo poeta do oceano,
Em terra firme, admirador das rubras sardinheiras,
Que Deus me perdoe! Pois vou chorar todo meu pranto.
Sabe-se lá quando encontrarei outra rainha verdadeira.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Inesquecível


Inesquecível
Heleno de Paula


Hoje ao acordar, não sei bem dizer, não sei nem o porquê, está até difícil de poder entender, pra uns realmente será incompreensível e não saberei explicar.
Mas hoje ao acordar, eu pensei em você, pensei com todo o meu carinho, foi a maior alegria, um enorme prazer, é impossível de se mensurar. Até sorri sabia? É... Foi de surpreender. Sorri simplesmente por lembrar-me de como é lindo sonhar, de como era bom ter você, de como é eterno o amar.
Recorda-se de quando a paixão despertou-se?
Foi tudo tão rápido, logo transformado em amor.
Precoce? Talvez.
Era tudo tão puro, que a razão comparada à emoção, era como a gente, o juízo ainda era um menor de idade.
E esse mesmo sentimento que nos incendiou, ficou sem controle, sem equilíbrio e causou a nossa separação. Findou-se apenas um capítulo de nossas vidas na realidade.
Desde lá crescemos bastante, amadurecemos sem dúvidas.
Calcular certas atitudes fez-se necessário durante todo esse tempo, para colhermos promissores resultados. Claro que nem tudo correu do jeito que queríamos, mas quando algo dava errado, era apenas por um momento e pouco a pouco foi se formando a nossa identidade.
Não obtive notícias suas, nem estou lamentando esse meu pensamento, tampouco acredito que você queira saber sobre como vai a minha vida, se eu vivo aventuras... O que já não me causa tanto desapontamento.
O simples fato é que hoje ao acordar pensei em você.
Refleti sobre como a vida é imprevisível, de como cada pessoa é inconfundível, que certas coisas realmente não se apagam só por querer.
Hoje ao acordar pensei em você, primeiro amor inesquecível, com o mais belo sorriso do amanhecer. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Alma tatuada


Alma tatuada
Heleno de Paula

          
Assim como o teu corpo marcado,
Sua alma ficou tatuada em meu coração.
Sinal que te mostra tão eloquente,
Que mesmo distante a torna presente,
Como o fogo e a água, o céu e o meu chão.
Passado o tempo, a vida seguiu...
Trouxe uma nova paixão e a dor sucumbiu,
Mas a poesia que hoje vive em mim,
Prefere o passado, o lamento do fim.
E quem me escutar, pode até rir ou chorar...
Dizer que tudo isso é mera loucura,
Que pensar em dissabor já não tem cabimento,
Mas o que escrevo expele o meu sentimento,
Remedia as lembranças, se transforma em cura.
Há um ditado que se faz valer nesse exato momento:
Não se vive um grande amor se não houver sofrimento,
Não existem doces momentos se não houver amargura.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Liberte-se da escravidão mental..."


"Emancipate yourself from mental slavery..."
“Liberte-se da escravidão mental...”.
Por Heleno de Paula


Liberte o pensamento que é ardente
Faça jus ao livre-arbítrio da vivalma
Viva mais, mas que se viva intensamente,
Seja o ousado colo quente que me acalma.
Embriague de paixão essa corrente,
E o escravo se tornará senhor da causa
A consciência vai dormir tranquilamente
E vai sonhar...
Libido voo entre as asas.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

O palhaço


O palhaço
Heleno de Paula


Findava mais um espetáculo,
Como ficava triste o palhaço à meia luz do picadeiro
Respirava o ar profundamente,
E saía de cena se mostrando verdadeiro.
Era mais que sincero por trás das lentes
Limpava a face, alma e corpo por inteiro,
E sem as tintas, sem as roupas, sem ser sorridente,
Enxugava as lágrimas se olhando em frente ao espelho.
Pobre imagem que refletia a realidade,
Que maquiada sempre aliviava o desespero,
De andar e andar, de cidade em cidade,
Sem encontrar uma paixão, o amor primeiro.

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