Lenço marrom
Heleno de
Paula
Revendo esta foto,
Recordei do teu lenço marrom na cabeça,
Do meu mundo que era outro,
Dos teus conselhos e esporros,
Das alegrias e das poucas tristezas.
Que saudade daquela vila!
Vila tão viva em sentimento.
Vila do Engenho Novo,
Assim como os meus momentos...
Pueril coração aventureiro,
Controverso as artimanhas de menino,
Singelo, despido de maldades,
Descamisado com os pés descalços...
Moleque apenas. Verdadeiro.
Lúdica fase da vida,
Genitora de valores, mestra das faculdades...
Meu espelho era o teu destino,
Onde foi dado o pontapé inicial...
Aprendizado do bem e do saber,
Virtuoso currículo entre as adversidades.
Eu pensava...
Como eu pensava...
De onde vinha tanta sabedoria?
Dos convívios, dos livros, de outras vidas...
E o equilíbrio?
De onde vinha toda aquela força? Deidade?
Qual era tua fonte de energia?
Se cada dia era uma guerra,
Como saia sempre incólume?
Minhas dúvidas eram apenas detalhes.
Eu, a criança. Tu, a fortaleza.
Ele, a esperança. Nós, belas lembranças.
Vós, vossa vontade.Eles, que assim seja...
Seus sobrinhos, também seus filhos.
Nossa família, nossa riqueza.